No mundo do futebol, frequentemente as crises mais intensas são aquelas que construímos em nossas mentes. Talvez nem todos compreendam, mas alguns já devem ter vivenciado isso. É aquele instante em que sentimos ser os únicos a prever um desastre iminente, enquanto à nossa volta todos parecem tranquilos, não por estar tudo perfeito, mas porque não está completamente ruim. Um dia, riremos ao perceber que nossas preocupações eram infundadas, mesmo que seja um riso discreto.
Após a eliminação do Benfica na Taça da Liga, meu pensamento era pessimista, esperando um Estrela da Amadora destemido. Essa preocupação perdurou por 40 minutos, até um gol espetacular de bicicleta mudar tudo. Este gol veio de Arthur Cabral, o mesmo jogador que, há um mês, me desrespeitou. Este incidente e a trajetória do Benfica mostram que a temporada tem sido irregular, mas não vejo motivos para grande alarme. A derrota na Taça da Liga foi frustrante, sim, mas esperava-se uma vitória do Benfica. Roger Schmidt, o treinador, comentou que “não é uma vergonha perder com o Estoril”, uma declaração que, apesar de bem-intencionada, soou mal no contexto de uma derrota.
Ainda assim, a equipe do Benfica é suficientemente competente para superar tais revezes. Existe um pragmatismo, uma convicção de que cada jogador está cercado de talento. Há quem diga que este talento individual oculta as falhas da temporada. Contudo, Schmidt parece contar com esses talentos individuais para os desafios restantes. Apesar de algumas imperfeições, a equipe não tem mostrado deficiências significativas que prevejam uma temporada fracassada.
Jogadores experientes como Di María têm mostrado seu valor, e outros como Neres, Bah, Kokçu e Aursnes prometem contribuir significativamente. Novatos como Marcos Leonardo, Carreras e Rollheiser encontram um ambiente de trabalho coeso. A equipe pode não estar sempre no auge da inspiração, mas possui os atributos necessários para o sucesso: talento, pragmatismo, solidariedade e fome de vitórias.
A expectativa atual não é vencer cada jogo por uma margem enorme, mas sim permitir que a equipe continue a evoluir. Até mesmo Schmidt está em processo de aprimoramento, mostrando-se mais flexível que seus antecessores. Devemos reconhecer que nem tudo está perfeito, mas também não está tão mal. Preocupar-me-ia mais se visse uma falta de esforço ou derrotas frequentes. É importante manter a calma. O Benfica continua no caminho certo.